domingo, 8 de setembro de 2013

dos trabalhos esforçados e da comida abundante

<À labúrdia>


Variante particularmente minhota de «à lá garder».

Significa, portanto, 'em grandes quantidades', aplicando-se especialmente quando se cozinha de forma «lavajona» (esta merecerá um post, em breve).

Uso: "Tu é tudo à labúrdia!" ou, "botaste comida nesta travessa à labúrdia!", podendo também usar-se com um alimento específico: "Botaste tomate à labúrdia nesta selada (<3 salada com 'é' é tudo)!"


Etimologia:


Do latim «labundus, a, um» (adj.), 'Que cai', misturado com «labrum, i», 'Lábio, beiço'.

Reza a história que os soldados Lusitanos capturavam elementos das Legiões Romanas e os torturavam a fim de mandarem a mensagem a Roma de que não eram um povo passivo. Para isso, faziam-nos comer comida podre e estragada ou afundavam-lhes as caras em água escatológica. Como não entendiam a língua latina, confundiam as palavras dos pobres soldados, que pediam misericórdia por tanto «labor» ('trabalho ou sofrimento que se experimenta para fazer alguma coisa'). E então os Lusitanos chamaram a esta técnica de guerrilha 'labúrdia', nome que perdurou até aos dias de hoje no Minho, ainda que com o sentido deturpado.





sábado, 11 de maio de 2013

da flatulência

Estar num só.

«Hoje estou num só!"

Forma minhota de dizer que se está com muita flatulência.

Reza a história de que os Lusitanos se muniram de todo o gás metano que as suas entranhas possuíam para derrubar, vezes sem conta, os romanos. Como eram um povo unido, diziam todos que estavam "num só" enquanto avançavam sobre as legiões romanas com velocidade acrescida. Os romanos, não habituados a cheiros tão intensos, fugiam em debandada e com o rabo 'antre' as pernas.

No entanto, devemos acrescentar que o povo Lusitano era já atento a estas questões que concernem o flato, como atesta a receita do pão lusitano, que não propicia a ventosidade intestinal.

terça-feira, 30 de abril de 2013

das reformas escatológicas chiques

«Sagreta»: versão adulterada (incluindo o fenómeno linguístico favorito dos minhotos, a metátese) de 'sarjeta', que é uma pequena vala para escoamento das águas. Neste caso, a palavra refere-se à casa de banho.

A inclusão do 'g' em substituição do 'j' poderá ter que ver com a emigração portuguesa para França. Quando os emigrantes portugueses minhotos descobriram como se dizia reforma em francês ('retraite'), associaram o vocábulo à palavra 'retrete' em português, sabendo, porventura, de antemão que a sua reforma em Portugal seria uma valente merda e, assim sendo, merda por merda, mais vale estar na retrete em Paris do que na sagreta no Vale do Ave.
Porque todos sabemos que a 'mérde' é sempre mais chique do que a 'merda'.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Putas e Vinho Verde

"Correu-te mal a chiquita?" [t∫]

A Chica: pode significar menstruação, bebida alcoólica, dança lasciva de negros ou, simplesmente, porca.

A pergunta faz-se quando alguém se apresenta de mau humor e tentamos inquirir sobre esse estado de espírito. Portanto, a pergunta tem um leque de significados: bebeste demasiado e a bebedeira correu mal?; correu mal a dança badalhoca e não conseguiste concretizar o coito?; estás com demasiado fluxo de menstruação e sentes-te a nadar em período?; estás porca ou quê?

Não é de admirar que o Minho seja uma região de putas e vinho verde.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

o Minho e o Clima

"Ele bai tchuber."


Pronome impessoal ou neutro de parolice.

Provavelmente do francês, 'il', devido à grande onda de emigração minhota para França em tempos que já lá vão. Comummente usado com verbos meteorológicos como o acima citado: "Ele bai aquecer o tempo", "Ele bai nebar."



Por vezes, o pronome impessoal ou neutro de parolice também vem no plural, 'eles', mas aqui funciona como referência a uma entidade desconhecida mas abençoada com poder e imensa sabedoria no que respeita a fenómenos climáticos e não propriamente como neutro. Aqui a Porca desconfia que se refira aos jornalistas e apresentadores dos boletins meteorológicos (e por vezes médicos e cientistas): "Eles diz que bem aí sol de troboada!"

'Sol de troboada': o sol quente de inverno ou outono que, segundo as mães, tias e avós minhotas traz doença às pessoas que não fazem uso de um chapéu.  




sábado, 26 de janeiro de 2013

O Aviário

Frase apanhada pela Porca num jantar em família:

"- Em Lanzarote não há camelos naturais.
 - Há, há. Quer dizer, não sei. Se calhar são do aviário."

O Aviário: o inferno de qualquer mãe/avó/tia minhota. Aquele lugar desprezível onde as coisas crescem alimentadas a "produto".

Outras frases onde figura o Aviário:

"Os ovos do Aviário não são tão marelinhos como os caseiros."

"Esse frango é do Aviário, num presta."

"Os bifes do Avíário num fico tão bons como os caseiros. Isso é de vaca industrial."

etc etc.

Acrescente-se aqui o seguinte (e que isto fique bem claro): os pitos da Porca não são do Aviário.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Sumo Pontífice


Excerto da música cantada pelas senhoras minhotas aquando da visita do Papa João Paulo II a Fátima:

"João Paulo II, o Bispo Universal,


Vem vindo, vem vindo, vem vindo a Portugal."

A hipercorreção começou já nos tempos de Viriato - todo o povo lusitano gritava o seu nome com um som que era algo entre o «u» latino e o «b», o que enervava gravemente o grande chefe. Por lhe temerem a ira, os comuns começaram então a tentar corrigir esse seu erro mas alastraram a tendência a todas as palavras, mesmo aquelas que têm, de facto, o som de «b».



Esta  tendência manteve-se até aos dias hoje e não é de ficar «barado» que no Minho aconteça múltiplas vezes:

"Aco, fábrica de calçado, Vom Dia!" - telefonista na ACO (fábrica de calçado do Vale do Ave).
"Acabei de chegar do travailho" - qualquer comum mortal destas «vandas».
"Os meus pais não me seguem muito no futevol, na vola. Mas eu bou danificar o cluve e a camisola." Citação adulterada de testemunho de Zé Nando, jogador de futebol da terceira divisão de alguma terrinha perdida entre Santa Cona do Assobio e A Dois Dedos do Cu. No Minho, claro está.

Ainda sobre a visita do Papa: ele, de facto, acedeu ao pedido das suas crentes minhotas e veio vindo, aspergindo todos os presentes com o seu sumo pontífice.

Ámen.